quinta-feira, novembro 24, 2005

Insônia

4h27 am
Não Otto, não é hora de levantar ainda. Faltam algumas longas horas...
É que meus olhos não querem mais dormir, não conseguem não ouvir minha mente. Turbilhão de imagens, sons, cheiros... meu corpo não consegue acompanhar, nem se desligar. Fico, então, neste estado de insustentável parasitismo... a tempestade mental vai arrastando o corpo cansado que rasteja pelo ar. E ficam, mente e corpo, num mutismo ensurdecedor sobre a cama, que a cada minuto vai se transformando em espinhos.

4h56 am
Pensamentos hematófagos me tiram a energia que começa a brotar com o sono e logo o transformam em uma sonolência ritmada. Quem dera fossem pensamentos lógicos, que se aproveitem. Mas não, ficam numa constante divagação quebradiça.
Por alguns instantes você consegue me frear. Interrompe o silêncio agudo com o seu “brincar com a bolinha”. Pra mim, o chocolate serviu para distrair a fome, pra você, para distrair minha insônia. Sigo suas patinhas peludas, meias brancas, exatamente dois pares. Tocam com delicadeza e agilidade a bolinha de papel. Cambalhotas, pulos inesperados, rebolados ataques, contorsionismo incrível e leve, no meio da penumbra.
É Otto, você sabe como driblar as horas de não-sono. Eu? Caio novamente na loucura amarela de palavras soltas. O engraçado é que sua constância aos pouco se transforma numa massa rítmica, densa, pesada, que força minhas pálpebras para baixo... o turbilhão atinge um grau rítmico hipinotizante... o silêncio agudo volta a envolver meu corpo...

5h28 am
Sono...

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