segunda-feira, janeiro 16, 2006

Não vejo ainda uma clareza, mas o ar opaco já posso tragar com mais calma, sem que me sufoque a garganta.
E minha mente já pode parar de atacar o corpo com golpes baixos e quase mortais para a alma.
As idéias ainda turvam minhas lágrimas, mas já não fazem arder os olhos.

sábado, janeiro 07, 2006

Cacos

"Não adianta chamar
quando alguém está perdido
procurando se encontrar."

Não sei se a questão é me encontrar. Sei onde estou, sempre em muitos lugares e, muitas vezes, ao mesmo tempo. E por escoar para tantos lados ao mesmo tempo, nunca estou inteira.

Mas o que é "eu inteira"? Se reconhecesse todos os pedaços, poderia colocar-me num único lugar, mesmo que não fosse o ideal, mas que fosse apenas um. Ou, pelo menos, um de cada vez.

Sei onde estão alguns pedaços, mas ainda faltam outros, escondidos em algum canto. Será que encontrarei? Preciso mesmo procurar? E se apenas esperar? Eles existem mesmo? Preciso mesmo encontrá-los ou os que vejo já são suficientes para me compor? Como saber se vou reconhecê-los se mal sei dos que vejo? Parecem cacos, não pedaços. Pedaços são inteiros quando juntos... cacos nunca voltam ao estado uno.

Talvez eu até conheça cada caco, cada estilhaço da minha alma. Talvez eu saiba onde está cada um, mas não os reúno por medo de ficar pesado demais, ou deformado, ou ainda, por saber que é impossível um ser inteiro e completo estar em muitos lugares ao mesmo tempo.