quarta-feira, agosto 28, 2013

Suicídio

A lâmina fina brilha com os olhos encharcados... indecisos...
A mão treme na espera da decisão. Encosto seu gume nas veias assustadas do pulso gelado. O medo e a solidão crescem.
A primeira pressão dói e faz o vinco. Agora está cravado o destino. Respiro fundo, o temor aumenta.
Preparada! A força, impulsionada pelo medo e pelo cansaço, cai sobre a lâmina e o vinco se torna um caminho aberto para a morte e o fim. A dor sobe com o sangue e percorre o braço, a mão, o chão...
E no chão a lâmina banhada em sangue, infectada de arrependimento. Lágrimas diluem o vermelho turvo pra tentar consertar a covardia que se espremia.
O grito de dor explode com o peso de não ser capaz de dar um fim na agonia que pulsa nas veias.

segunda-feira, agosto 26, 2013

Textos achados na gaveta - parte II


Não, não deixe que isso atrapalhe, não deixe que ele desgaste o amor.
As pessoas são livres, mesmo não sabendo, mesmo não querendo.
Amar não é possuir, não é trocar uma vida pela outra. Amar é simples assim. É te olhar e sorrir, é flutuar ao te sentir, é tão simples que mal se vê. É tão grande que mal me enxergo no meio dele.

(2005, talvez)


Turbilhão de sentimentos e ideias que se jogam no ar sem asas nem paraquedas. E o vento as dispersa... e elas caem, caem em qualquer lugar.

Textos achados na gaveta - parte I

Sabe o sonho, do sono insensato que segura meus passos?
Justo aquele passo do pé em transe, querendo pisar e empurrar o chão.
O sinal está aberto... O sol derreteu a sola? Não, é o peso mesmo. O peso do meu corpo que anula irresistivelmente o controle sobre meus próprios pés e depois ainda tenta, às vezes com um falso sucesso, me pôr sentada no canto.


Semente da terra, enterra, enterra, em terra, em terra.
Semente enterrada, úmida e quente... explode a superfície para abrir os braços.
Abre os braços e se liberta do fundo da terra, mas continua presa aos seus próprios pés e estes estão sempre presos a sua semente. E se com os braços tenta se libertar... morre.

(idos de 2000?)